quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Farc mantiveram Betancourt acorrentada a árvore

BOGOTÁ - A guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) acorrentaram a refém Ingrid Betancourt a uma árvore e obrigaram-na a ficar sem as botas como forma de puni-la por ter tentado fugir do cativeiro, afirmou nesta semana uma pessoa que esteve presa junto dela.
Depois de passar seis anos nas mãos dos rebeldes, Betancourt, uma política franco-colombiana, encontra-se gravemente doente, sofrendo de hepatite e de outros males do fígado sem ter acesso a remédios suficientes para se curar, disse Luis Eladio Pérez, um ex-advogado libertado na quarta-feira com outros três reféns.
Segundo Pérez, Betancourt sugeriu-lhe, dois anos atrás, que escapassem para dentro da floresta. Mas depois de passarem cinco dias atravessando rios, combatendo a umidade, comendo peixe cru e fugindo dos rebeldes, os dois desistiram e acabaram se rendendo. Foram punidos pelos guerrilheiros. "Eu estava fraco e não consegui resistir. Decidimos nos entregar e logo começamos a ser punidos. Ficamos acorrentados a árvores 24 horas por dia. Eles levaram nossas botas", afirmou Pérez à rádio colombiana Caracol. "Para as Farc, Ingrid é a jóia da coroa desse infame processo", afirmou ele na entrevista.
Cartas escritas por três reféns norte-americanos para o presidente dos EUA, George W. Bush, para os políticos que concorrem à Presidência norte-americana e para os familiares dos reféns, nas quais pediam que não fossem abandonados na selva, foram confiscadas quando os rebeldes as descobriram no corpo de Pérez. Marc Gonsalvez, Thomas Howes e Keith Stansell, que trabalhavam para o Departamento de Defesa dos EUA, foram capturados em fevereiro de 2003 após o avião deles ter caído na mata em meio a uma missão de combate ao narcotráfico.
Segundo Pérez, os reféns dos EUA temem ser abandonados depois de uma corte norte-americana ter condenado um comandante rebelde a 50 anos de prisão.
As Farc disseram que o comandante e um outro guerrilheiro mantido presos nos EUA precisavam ser trocados pelos três norte-americanos. "Eles estão muito abatidos. Eles acreditam que vão ter o mesmo destino dentro da selva colombiana", afirmou.
Betancourt e os três norte-americanos encontram-se entre os 40 reféns importantes que as Farc desejam trocar por rebeldes presos. O processo de negociação com o governo da Colômbia, porém, está paralisado neste momento.
A libertação de Betancourt, sequestrada enquanto fazia campanha para a Presidência colombiana, transformou-se em uma prioridade para o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que, na quinta-feira, disse estar disposto a viajar pessoalmente até a Colômbia para garantir que a refém seja entregue.
Imagens de um vídeo gravado pelos rebeldes no ano passado mostram Betancourt magra e debilitada no cativeiro.
PATRICK MARKEY - REUTERS
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